“PÉ DE PILÃO
CARNE SECA COM FEIJÃO.
ARREDA, CAMUNDONGO,
PRA PASSAR O BATALHÃO!”
Como na quadrinha popular de onde Mário Quintana tirou o nome deste
livro, os versos de Pé de Pilão
são engraçados e cheios de ritmo. As rimas soam como música
gostosa, enquanto a história vai se desenrolando e envolvendo a
gente.
Isso sem falar nos desenhos de
Cárcamo, que dão ainda mais vida aos personagens. Assim, sem
perceber bem como, a gente chega ao final do livro, sempre querendo
mais e mais. Experimente só para você ver! (Texto retirado da
contracapa do livro).
Leia abaixo o que Érico Veríssimo,
grande escritor gaúcho e também amigo pessoas de Mário Quintana,
escreveu sobre o livro Pé de Pilão
e o seu autor:
MÁRIO QUINTANA, PÉ DE PILÃO...
E EU
Meus amigos, na minha opinião Mário
Quintana é hoje em dia um dos cinco maiores poetas de todo o Brasil.
Pé de Pilão é um
livro que ele escreveu para crianças de várias idades, mas que
também pode – e deve! - ser lido por gente grande. Mas... como é
que eu entro nessa
história toda? Ora, eu não entro. Fico cá do lado de fora da casa
do livro, gritando para todos os ouvidos e a todos os ventos que o
livro é bonito, divertido, faz a gente rir e querer saber “quem é
que vem depois...” (…)
Conheço Mário Quintana faz uns
bons quarenta anos. É o sujeito mais “diferente” que tenho
encontrado na vida. Antes de tudo é um poeta, e ser poeta não é
apenas fazer versos, prosa com rima (carvão-coração...
carinho-passarinho... etc.). Ser poeta é saber ver o mundo como o
vêem os anjos, as fadas, e ao mesmo tempo possuir o dom de comunicar
a quem o lê o que ele vê e sente; em resumo, é ter olhos para
revelar a face secreta das pessoas e das coisas. Mário Quintana é
um homem que caminha sozinho, como aquele gato do conto inglês. Bom,
vou revelar a vocês um segredo. Descobri outro dia que o Quintana é
um anjo disfarçado de homem. Às vezes, quando ele se descuida ao
vestir o casaco, suas asas ficam de fora.
(Ah! Como anjo seu nome não é
Mário e sim Malaquias.)
Quintana é também um mágico, só
que suas mágicas são feitas com palavras. Agora, amigos, prestem
atenção. Pé de Pilão
foi feito todo em versos, isto é, com frases que têm compasso de
música, e com rimas. Quem já souber ler, que leia este conto em voz
alta e clara. Se não souber, peça a outra pessoa – mãe, pai,
irmão ou irmã mais velha, babá, alguma titia... - que se
encarregue disso. E se durante a leitura por acaso aparecer na
história alguma palavra que vocês nunca tenham visto antes,
perguntem a quem sabe o que ela significa. É assim que a gente
aprende sua própria língua... e a dos estrangeiros.
Pois é. Deixo com vocês o caso do
Pé de Pilão, que se
vai transformando, de verso em verso, no caso de outros personagens,
bem como um rio que vai correndo para o mar e encontrando no caminho
pessoas, animais e coisas que o leitor não esperava. Leiam esta
história – ou escutem sua leitura – mais de uma vez. E se alguém
um dia perguntar quem é Mário Quintana, podem responder sem medo de
errar que ele é um dos melhores poetas do nosso Brasil. É isto o
que pensa quem gosta dele como de um irmão, um tal de
Érico Veríssimo
_____________
Érico Veríssimo:
1905-1975.
Mário Quintana:
1906-1994.
Referência:
QUINTANA,
Mário. Pé de Pilão. 8.ed.
São Paulo-SP: Editora Ática, 2003.
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