terça-feira, 24 de julho de 2012

A LEBRE E A RAPOSA

Os versos abaixo tratam-se de uma releitura da famosa fábula de Esopo.

Saltitando pelo bosque,
feliz a lebre passeava.
Olhando daqui e dali
e nada lhe escapava.

Ao ver se aproximando
devagar uma raposa,
a lebre se escondeu,
feito uma mariposa.

Notou que a raposa
trazia em seu pescoço
uma sacola bem grande,
talvez algo para o almoço.

Agitada e curiosa,
a lebre não aguentou,
foi até a raposa
e sem rodeios perguntou:

"-Bom dia Dona Raposa,
desculpe por perguntar,
mas o que trazes na sacola
é para o almoço ou para o jantar?"

A raposa ardilosa
não perdeu a oportunidade:
"- É pra janta!" - respondeu -
Quero comer a vontade..."

A lebre intrometida
insistia em saber
o que tinha na sacola
de bom para comer.

A raposa muito esperta,
sem nenhuma hesitação,
convidou a tal da lebre
para uma refeição.

"-Mas veja bem Dona Lebre,
não vá me fazer descaso,
esteja lá as oito em ponto,
eu não aceito atraso!"

O dia foi comprido,
o relógio não andava,
a lebre de tão ansiosa
só pulava e pulava.

Chegou na casa da raposa,
que estava de avental,
e foi logo se gabando:
"-Como eu sou pontual!"

Animada e contente,
a raposa sem demora,
respondeu com um sorriso:
"- Pois chegaste bem na hora!"

Sem qualquer cerimônia
a lebre sentou na mesa
perguntando se na sacola
tinha a janta e a sobremesa.

"- Tu queres mesmo saber
o que há dentro da sacola?
Não é nada de mais,
é só uma caçarola."

Agindo sem pensar,
como sempre ela fazia,
destampou a caçarola
e viu que estava vazia.

Sem ainda entender
o que ali se passava,
ansiosa pra comer,
a lebre se agitava.

"-Mas diga Dona Raposa
o que tem para o jantar,
pois minha barriga
já começou a roncar."

"- Eu também estou com fome,
como nunca tive na vida,
o que temos pra jantar
é uma lebre bem cozida!"

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Quem é muito curioso
e em tudo se intromete
e da vida dos outros
vive fazendo manchete,
antes cedo do que tarde,
quase sempre acontece,
que acaba recebendo
aquilo que merece.


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