Releitura de uma fábula de Esopo.
Não há nada parecido,
em valor e importância,
com uma amizade
que vem desde a infância.
Sentimento nobre
que irmana mais e mais,
a amizade nos distingue
dos outros animais.
Timeu e Creonte,
amigos de longa data,
seguiam conversando
através de uma mata.
Na estrada em que iam,
apareceu do nada
uma ursa enorme,
feroz e esfomeada.
Avançando sobre eles
veio a ursa ligeira.
Os amigos pareciam
dois ratos na ratoeira.
Induzido pelo medo,
Creonte saiu correndo,
subiu em uma árvore,
o corpo todo tremendo.
Nem mesmo se dando conta,
do amigo se esqueceu.
Frente a frente com a ursa,
sozinho ficou Timeu.
Lá na árvore, seguro,
Creonte se ajeitava
e de um galho confortável,
curioso observava...
Timeu, diante da ursa,
arremessou-se no chão.
Para se fingir de morto
prendeu a respiração.
Entre os antigos gregos
uma crença existia
de que os ursos respeitavam
todo aquele que morria.
Assim, com o seu focinho,
a ursa examinou
todo o corpo de Timeu,
mas não lhe machucou.
Achando que estava morto,
a ursa, sem demora,
cheirou, cheirou e cheirou
e depois foi embora.
Passando o grande susto,
devagar se levantou,
agradecendo a Zeus
que por certo lhe salvou.
Creonte desceu da árvore
e, curioso, perguntou:
"- Falando em seu ouvido,
o que a ursa cochichou?"
Timeu respirou fundo
e voltou-se para frente,
pôs seus olhos em Creonte
e lhe disse francamente:
"- A ursa me aconselhou
a não andar com um amigo
que me deixa sozinho
no momento de perigo!"
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É só nas horas difíceis
que brilha a claridade
revelando-nos quem são
os amigos de verdade!
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